Diógenes Hum Ribeiro
O grande livro das falsas alegorias – 2004 – Ed. Barravento.
Brasil
(1936-2007)
As folhas de um arbusto tremem e caem como da aproximação de um grande animal. Nada aparece. Os olhos dos homens de uma cidade no sertão emitem pseudópodes, abandonam seus donos, e se unem em um único organismo. O homem que arranca os próprios dentes e os exibe para os passantes incautos. Pequenas narrativas que se misturam e têm como único ponto em comum o vagabundo Silly Toe. Grandes alegorias que não dão em nada. Esse é o livro do escritor paraibano de Patos Diógenes Hum Ribeiro, tornado um clássico incontornável logo no seu lançamento, e que parece nos recusar a dar qualquer coisa como assegurada. O autor utiliza, por vezes, o seu burlesco sentido de humor para deixar o leitor completamente perdido numa selva escura. Temas delicados como a morte, o medo, a loucura e Deus são tangenciados, mas o leitor nunca encontra a chave correta. Talvez não haja chave. Talvez ela tenha se transformado num perigoso animal dotado de dentes afiados. Talvez Siily Toe seja Deus zombando de nós.
Trechos:
“Peço que enforque o seu inabalável investimento na fé, caro leitor.” (Pág. 38)
“A realidade perpétua mascarada por aquelas folhas, tremendo, tremendo, temendo, algo que se reusa a existir.” (Pág. 57)
“Contudo, à medida que amadurecem os dentes caem como pastilhas e são ofertadas às criancinhas. Sou um velho e matei a fada dos dentes.” (Pág. 89)
“A mãe vive sua vida enquanto aqui nossos olhos se tornam um, um grande olho abundante como um sol, a vigiar as nossas.” (Pág. 117)
“O berço da civilização pra lá e pra cá, indo do nada para lugar nenhum…” (Pág. 157)
muito bom o livro amei !!
Obrigado!
bem bacana e criativo !!
interresante post !
Republicou isso em El Gordoe comentado:
“Cada vez qu’eu dou um passo o mundo sai do lugar…”